Vou contar algumas coisas sobre o meu pai e os seus familiares que creio que não sejam corretas com uma pessoa com uma perturbação do desenvolvimento.

Em geral, o meu pai e os meus meio-irmãos são pessoas impacientes, temperamentais, resmungonas, elitistas e conservadoras, ao contrário da minha mãe que é bastante alternativa, como a sua irmã mais nova e eu, e branda.

O meu pai é de janeiro de 1955 e é de Vila Nova de Gaia. Parece que tem barriga a mais e às vezes mede a tensão.

Nos últimos anos, principalmente desde a pandemia, está extremamente preocupado comigo, sinto que não consegue aceitar que tem um filho do espectro, ou ainda está a processar. Houve vezes no passado, e ainda hoje em dia, que em que entrou em pânico por eu ter feito uma coisa arriscada, ou ficou admirado, basicamente por eu consegui fazer.

O meu pai já utilizou recompensas comigo, quando eu estava a ter reações impulsivas e agressivas. Recentemente chantageou-me para parar de fazer uma estereotipia, subir para cima do banco da cozinha, ameaçou reduzir a mesada que estamos a poupar para eu poder fazer uma viagem de sonho. 

Também fala muito mal dos meus hiper focos atuais, dobragens e animações, por não gostar tanto delas e querer que eu aprenda coisas sobre as mesmas. No entanto, foi dele que eu herdei o gosto pelo jazz, embora não encontre condições para me tornar músico desse género, mas mantenho o gosto e tenciono voltar a tentar a minha sorte em aprender. Todos os anos, eu e o meu pai vamos ao  Festival Jazz em Agosto da Fundação Calouste Gulbenkian, mas também já fomos a concertos na Culturgest, na SMUP e no Goethe Institut.

Ele às vezes é pessimista, realista e desmancha-prazeres comigo e com coisas que eu digo. Mas, também é otimista com outros assuntos, como a primeira escola em que eu andei, ignora o lado péssimo da mesma, enquanto concorda que a segunda e a terceira cometeram atrocidades. Também é otimista com outras coisas que lhe interessam.

O meu pai sente-se muito cansado ultimamente, irrita-se e perde a paciência com coisas que eu considero insignificantes. Muitos desses assuntos são de telefonemas que recebe o dia todo. 

No trânsito, ele está constantemente, agora cada vez mais, a cruzar-se com pessoas que se atravessam à frente dele, ou vão muito devagar, ou contornam as rotundas na faixa exterior, ou simplesmente não estão a conduzir bem. Tenho pensado em não andar mais de carro com ele.

O meu pai é professor universitário e literato. A mãe dos meus irmãos e a minha irmã são advogadas, mais abastadas que o meu pai, costumam dar-me prendas e viajam com bastante frequência nos tempos livres, ao contrário de mim, que só fui pela primeira vez ao estrangeiro pouco antes de fazer dezassete anos, em abril de 2017. A minha irmã já foi a Marraquexe, Tóquio e Costa Rica e vários outros locais. Alguns deles, o meu pai já não se lembrava, apesar de ter ímanes que a filha trouxe do país..

Os meus pais estão separados. A minha mãe pode ser uma pessoa cansada e frágil, mas tenta sempre ajudar-me com estas questões, enquanto o meu pai nem gosta que eu fale na minha mãe ou de coisas que ela disse.

O meu irmão nasceu em dezembro de 1978, em Cascais. Sofre de epilepsia. Às vezes é bruto a falar, faz fitas e tem um feitio desagradável, mas em geral, gosta de mim e às vezes até consegue ser amigo e faz brincadeiras engraçadas. 

Agora sinto-me afetado por ele ter-se casado e ter tido uma filha e principalmente, viver em Los Angeles desde março de 2015, e ser praticamente o décimo amigo que tive que foi para o estrangeiro abruptamente. Recentemente, o meu irmão mudou de casa e tenciona ficar mais algum tempo a viver nos Estados Unidos, o que me fez começar 2021 com maus modos e impulsos.

O meu irmão quis que eu começasse a ver outro tipo de filmes, em 2013, e disse-o de uma forma pouco agradável. Consigo imaginá-lo todo contente por eu finalmente ter visto os filmes da Guerra das Estrelas e não ter dito nada. 

Trabalha em Design 3D de personagens e a estética dos seus gostos é muito diferente da minha. Sinto que, como vivemos em épocas diferentes, sofremos um choque de geração.

A minha irmã nasceu em abril de 1985, em Lisboa. Sofre de psoríase. É muito sarcástica e antipática, menos flexível e compatível comigo do que o meu irmão, mas também é brincalhona. Em geral, é uma pessoa difícil e peculiar como eu. Também tem misofonia, mas parece ainda não ter aceitado que tem essa condição e também ainda está a processar, assim como o meu pai que nunca parece muito convencido ou sequer dar importância à doença, ainda resiste.

Ela detestou quando trabalhou em São Paulo, detestou os colegas, e quando trabalhou em Londres, conseguiu regressar mais cedo.

Apesar do seu feitio difícil, tem várias amigas, ao contrário do meu pai que só conhece pessoas parecidas com ele temperamentalmente.

A minha irmã é extremamente crítica dos remakes cinematográficos modernos, sente muito uma grande falta de originalidade nos media. Não vê televisão, como eu, e tem um cão, assim como o meu irmão.

Ultimamente noto que eu tenho começado a ficar contagiado pelas ideias e opiniões que o meu pai ou a minha irmã têm sobre certos filmes ou atores. Sinto que os meus irmãos herdaram geneticamente o senso crítico e a impaciência dos pais e dos tios, e manifestaram-se ainda muito jovens. Também comecei a apresentar sinais de senso crítico e quando vou ver algumas coisas, não dou uma hipótese, interiorizo como minhas as críticas dos outros. Em geral, o meu pai e os meus irmãos importam-se imenso com a história, a originalidade e a qualidade dos filmes que vemos, e o meu pai importa-se extremamente com o nível da animação e compara-o com o de diferentes filmes.

Conheci um canal do YouTube português de um rapaz cinéfilo que tem senso crítico desde pequeno, mas é muito calmo e natural a falar, mais do que o seu amigo e colega de trabalho. Também já conheci canais brasileiros que agradaram à minha mãe, por serem mais calmos a apresentar.

Às vezes também sinto que a mãe dos meus irmãos consegue esforçar-se mais para me tratar bem, muitas vezes consegue e gosta muito de mim, para dizer a verdade, embora também tenha pontos em comum com os meus familiares paternos. 

A namorada atual do meu pai vive em Aveiro, é médica e é seis meses mais velha que o meu pai. Sinto que esta situação também deixa o meu pai transtornado, pois há vários anos que ela não tem disponibilidade para vir a Lisboa. O meu pai costuma visitá-la sem mim por ter medo que eu “parta tudo”. Eu em geral, odeio pessoas que não confiam em mim ou que acham que eu não sou capaz de nada.

Ultimamente, o meu pai tem tido falta de atenção e feito confusões, algumas, mais do que uma vez. Tem percebido mal o que eu lhe tenho dito, ou acha que eu estou a repetir o mesmo quando estou a dizer de maneira diferente ou algo relacionado com aquele assunto.

Por exemplo, nas autárquicas, eu disse ao meu pai que não sabia em quem votar. Com o cansaço, o meu pai pensou que eu tinha dito que não queria ir votar.

Também sinto que o meu pai tem tido problemas de memória. Recentemente mostrei-lhe um filme na HBO, da Aardman Animations, que tinha a certeza que ele iria adorar. O meu pai achou-o maravilhoso, mas poucos dias depois já nem se lembrava de nada do filme, pelo que me disse, e pediu-me para vermos outra vez. Também disse que já não se lembrava das curtas novas da Disney+ e decidimos ver novamente também. Ele também já não se lembrava que tínhamos visto os filmes recentes dos Marretas e que ele tinha dito que se arrependeu de não os querer ver dobrados quando saíram.

Em geral, creio que o meu pai tem tido sintomas de andropausa, medo e ansiedade e receio que possa desenvolver alguma doença de idade que lhe possa comprometer a saúde. Ele também disse a brincar que tinha demência vascular e eu tive a sensação que ele estava a falar sério e fiquei aflito.

Noto muitas vezes que o meu pai é muito crítico de pessoas, estruturas e ações nacionais, embora tenham surgido músicos de jazz portugueses que ele tem apreciado, como ele me disse recentemente.

Também há situações em que podemos ver alguma hipocrisia no meu pai. Por exemplo, quando diz que os filmes que me foram impingidos na secundária foram todos maus, porque me chocaram e não são agradáveis para um autista que acabou de começar a tomar consciência de si, quando ele mesmo me incutiu filmes com cenas impressionantes e traumatizantes, quando eu era pequeno, que talvez me tenham feito desenvolver receio do que fosse aparecer nos ecrãs, daí eu ter demorado a ver todos os filmes do cânone Disney. Alguns filmes tiveram de ser oferecidos à empregada, que tinha um filho pequeno, por eu ter começado a chorar depois de ver os filmes ou já não querer ver com receio. Só recentemente é que redescobri esse meu gosto, mas sinto que é apenas para manifestar as saudades do meu irmão.

O meu pai também protestou bastante por só em 2021 ter surgido uma escola de jazz para crianças autistas, em Setúbal, pois eu já era crescido e tinha novos interesses, que acredito que também são consequências dos traumas do passado.

Os meus irmãos, para ser franco, contactaram muito mais do que eu com a cultura anglófona e com o idioma inglês desde pequenos. Eu pelo contrário, estou desde pequeno habituado ao meu idioma e desenvolvi um gosto forte pela cultura europeia. Mas só muito recentemente é que descobri as desvantagens dos países mais famosos, pois não me interessava anteriormente.

A única vez que fui com os meus irmãos ao cinema ver um filme foi no final de 2008. Desde então, nunca mais conseguimos devido ao nosso contraste de hábitos e preferências. Mas tenho sempre procurado algum filme que possa ver com a minha irmã sem sofrer.

O meu pai diz que eu tenho tido azares, do ponto de vista dele. Embora eu concorde, também sinto que o meu pai tem também azares, mas por vezes, com bastante mais frequência que os meus, no dia-a-dia, para ser mais preciso. Acho que ele não deve insistir em dizer isso de mim e de pessoas que não são agradáveis com as outras.

A família do norte do meu pai também é muito parecida com ele. Uma irmã do meu pai trabalha na FIL e já me deu várias vezes convites para eventos. outra é professora do primeiro ciclo, como o seu marido. O filho desta segunda já teve um filho e já trabalhou na BOSCH. 

Depois de um incidente na casa de férias da irmã do meu pai que é professora, o meu pai decidiu não me levar mais a essa casa, pois não gostou da atitude do seu cunhado. Eu também fiquei muito dececionado.

Durante muito tempo, eu já não me lembrava que a minha tia tinha um filho, e não fiquei muito contente de ter um primo da idade dos meus irmãos, por me sentir muito sozinho. Cheguei a ter ideias fixas por causa de não haver ninguém da minha idade na família que pudesse estar comigo.

Em geral, acho que toda a família do meu pai é diferente de mim, porque viveu em décadas diferentes e teve uma experiência de vida muito oposta. Todos eles têm pouca vontade e interesse de estudar sobre as condições que eu apresento. Acho que só a minha mãe se tornou uma “ativista” da misofonia e interessada pelo autismo.

A minha infância também aparenta ter sido muito diferente da dos meus irmãos em termos de conteúdo e atividades realizadas. Os gostos dos meus irmãos também não são os mesmos que os meus.

O meu irmão já foi engenheiro físico e civil, mas desistiu para se dedicar à animação 3D, embora os personagens de que gosta  sejam de estilo distinto do meu.

Falando um pouco mais do meu pai:

Recentemente, perguntou-me se queria que ele tivesse um gatinho, recebeu uma oferta, penso que na faculdade. Eu não quis, pois foi um peso para o meu pai os gatos que já teve, e fiquei surpreendido por ele ainda querer.

O meu pai quer que eu fique bem alimentado às refeições, insistindo muitas vezes em perguntar se eu quero mais ou se não quero comer nada entre as refeições. No entanto, também, ele tem comprado muita carne, ovos, batatas e doçaria, e tem ido com frequência a lojas onde posso comer gelados e éclairs, neste último ano, sempre depois da sessão do meu psicólogo. Em geral, tem tentado dar-me prendas para eu ser feliz, porque sabe que eu tive uma vida cheia de infelicidades. Acredito que possa ter sido um dos motivos que despertou a vontade de me tornar vegetariano ou até mesmo vegano.

O meu pai já fez sem conseguir evitar e ameaçou fazer o som que me enerva muito, “shhh”, apesar de saber que eu não gosto. 

Também gosta muito da qualidade dos filmes e tem muito favoritismo com os estúdios de animação que consumimos, e muitas vezes nem se mostra interessado em alguns só por serem diferentes. É bastante crítico de coisas fracas e gosta bastante de usar o adjetivo “fraco” em tudo o que não gostou de ver. Não costuma usar palavras como “rasca” ou “pobrezito”, mas usa muito o verbo valorizar e ele e a minha irmã têm usado muitas palavras que eu desconhecia, recentemente (sórdido, execrável).

Posso dar aqui alguns exemplos, como, por exemplo “espero que o Klaus não ganhe (Óscar)! Prefiro o Toy Story 4” ou ““Uma miúda que vai à lua? Não sei se será muito interessante, mas sendo da Netflix será fácil ver.” / “Pode ser bom, é preciso manter a esperança. Mas aquelas figuras tristes com olhos grandes já estão muito usadas, não parece nada de muito original.”

Não gosta de filmes violentos e fica em pânico  sempre que eu falo num. Também sinto que o meu pai acha que eu não sei as coisas, quando sei, ou porque o que eu digo dá a entender que eu não as sei, por não transmitir a informação mais relevante. Ele então diz-me, de uma forma bruta e impaciente. Ele disse-me que acha que eu estou distraído, mas ele sabe muito bem que eu sou uma pessoa com muitos conhecimentos e com uma boa cultura e interesses.

Quando eu apresentava sonolência extrema da medicação, o meu pai deixava-me dormir à vontade, achava que era saudável (talvez por se deitar tarde e dormir menos horas), ao contrário da minha mãe que fazia tudo para que eu não dormisse. Houve várias vezes em que o meu pai me mandou dormir uma sesta, uma vez até no meu aniversário, e eu não consigo nunca contestar, e ainda fê-lo num dos últimos anos.

Ele também tem bastante receio de me levar a estar com pessoas que parecem ser mais simpáticas que ele, só porque eu reaj3o mal aos sons que me irritam e às vezes até tento agredir pessoas ou destruir objetos. Mas o meu pai sabe e compreende que eu não faço isso por mal. No fundo, ele próprio insiste em fazer os sons à vontade, e enerva-se quando eu lhe peço para não fazer, não parece querer saber que eu tenho essa condição, senão teria cuidado para não fazer esses sons.

O meu pai concordou com a minha mãe em não me colocar num infantário, apesar de não ser alternativo também, mas achava melhor eu ir para a escola ao contrário da minha mãe que se aborrecia com o convencional e prefere procurar meios mais conscientes.

Os meus familiares paternos, em geral, não gostam de coisas “pimba”, mas estão sempre atentos às notícias na televisão e gostam de conversar sobre assuntos atuais, muitas vezes, sem me dirigir a palavra ou deixar-me participar na conversa.

O meu pai foi várias vezes aos Estados Unidos e ao Brasil em trabalho. Numa delas, comeu vários baldes de iogurte gelado (não existia ainda em Portugal), por estar com saudades.

O meu irmão também engordou com a viagem aos EUA e tornou-se cada vez mais americanizado, no que toca ao modo de vida. A mulher dele também engordou e a filha também parece ter os mesmos hábitos. Sinto que a minha sobrinha será totalmente diferente de mim e não será seguro eu estar com ela enquanto me sentir facilmente discriminado por ter uma condição. O meu irmão está a mostrar os filmes da DIsney+ à filha, nascida em setembro de 2020, e não parece estar a mostrar a nossa dobragem, apesar de falar em português com ela. Espero que não se admire de eu não gostar dos filmes que ele gosta.

O meu pai costuma dizer-me de forma muito imperativa o que eu devo fazer e não fazer, não me deixando ser eu a cuidar de mim e a decidir. Também me disse que não se lembra de situações em que entra em pânico e diz que toda a gente precisa de proteção e ajuda.

O meu pai costuma entrar em pânico com semáforos, rotundas, alguns cães e outros animais e ainda me diz que não gosta deles de forma áspera.

Em 2012, o meu pai colocou-me na natação à força, desrespeitando a minha vontade, porque o tutor que me acompanhava na escola ofereceu-se para me dar aulas. O meu pai ainda teima em dizer que eu não sei nadar quando sabe muito bem que está enganado. Ainda queria pôr-me no teatro, quando eu estava no terceiro ciclo, e eu escrevi-lhe um email a dizer para não me obrigar ou tentar convencer como fez antes. O meu pai costuma insistir quando eu digo não. Por essa e outras razões, eu não arrisco fazer coisas que possam afligi-lo.

O meu pai gosta muito de me dar o que eu quero ter e de me fazer a vontade, e diz que eu consigo sempre tudo o que eu quero. Mas tem mais condições económicas que a minha mãe, com muito pena minha.

Costuma simpatizar com pessoas e coisas que a minha mãe não simpatiza tanto ou que têm algumas coisas que a incomodam. 

O que noto também no pai, em vários casos, são situações em que se pode dizer «Olha quem fala». O meu pai pode ser medroso e ter medo que eu me magoe ou magoe alguém, mas decide levar-me para estar com a família dele, quer que eu veja a minha sobrinha (por ser a única e não ter sempre hipótese), parece que quer arriscar a que eu tenha um colapso. Também diz que eu não tenho amigos por eu ter os comportamentos brutos que tenho, mas pode dizer-se precisamente o mesmo dele, que também tem mau feitio e não tem muitos amigos, justamente por ser como é.

O meu pai costuma usar muito frequentemente frases como «Que é que queres que eu te faça?”, “E…?, ”E então?”, “Ok.”, «Gostas mesmo disso?» ou «Por que razão estás tão interessado nisso?».

O meu pai costuma ser muito cético com várias coisas e demonstra algum receio de eu começar a fazer as coisas sozinho, só porque costumo ser desajeitado. Muitas vezes até pede para ser ele a fazer ou até faz sem sequer me dizer nada. Ele é bastante crítico da colonização, não gosta de homenagens em placa e de decorações marítimas, mas no fundo, podemos dizer que acha maravilhoso uma escola alternativa ser na realidade aderente à pedagogia Waldorf, portanto, coerciva, autoritária e convencional.

Falando um pouco da sua irmã mais nova, que trabalha na FIL, é uma pessoa mais aberta para mim e é mais delicada, além de ter muita curiosidade em saber novidades minhas e está sempre disposta a responder-me.

Infelizmente, em abril de 2020, o pai do meu pai faleceu já com muita idade, após a luta contra a esclerose lateral amiotrófica. A sua morte ocorreu no aniversário da irmã mais nova do meu pai quando ela estava a visitá-lo. Creio que o meu pai pode ter ficado bastante afetado, pela forma como agiu comigo depois desse ocorrido.

Em geral, o meu pai e os meus irmãos não são pessoas calorosas, delicadas ou compatíveis comigo. São pessoas finas, sofisticadas e pouco abertas a novidades e a coisas diferentes e estranhas ou de segunda categoria, além de não terem interesse em compreender e estudar as doenças e os problemas que cada um tem.

Sinto muito que, se eles continuarem a agir desta forma opressiva, eu irei ter outro burnout, shutdowns, meltdowns, ou outras complicações, o que os deixará mais apreensivos comigo, e não conseguirei superar os meus traumas e poder fazer atividades diferentes e outras coisas de que gosto e me interessam. 

Há momentos em que eu sinto que a solução para estas confusões é eu afastar-me do meu pai e da minha sua família  e manter apenas contacto com a mãe.

Ainda não consegui compreender como um professor universitário conservador conseguiu casar-se com uma ex-aluna alternativa onze anos mais nova e ainda concordou com as suas propostas para me educar.

Gostaria de solicitar a ajuda da Voz do Autista para superar estas dificuldades.

Agradeço imenso.

André.

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