O Autismo não é uma doença. O Autismo é uma condição de neurodesenvolvimento, o que significa que o nosso cérebro é diferente, por se ter desenvolvido de forma diferente, comparado com o dos não autistas. Não existe o diagnóstico de “Autismo funcional” e o diagnóstico de Síndrome de Asperger deixou de existir a partir de 2022. O diagnóstico correto é de Perturbação do Espectro do Autismo (PEA), potencialmente com um acrescento
posterior de nível de necessidades (nível 1 a 3, consoante necessitam de menos ou mais apoio).
Dificuldade de reciprocidade emocional, ou seja, iniciar uma conversa com outras pessoas, manter o fluxo de conversa, partilhar interesses e interagir socialmente.
Dificuldade com comunicação não verbal, ou dificuldade em entender, descodificar e replicar a linguagem corporal, o contacto visual, a expressão facial, os gestos, etc.
Dificuldades em desenvolver, manter e compreender relacionamentos.
Movimentos motores estereotipados ou repetitivos, ou uso de objetos ou fala, de forma repetitiva e constante.
Necessidade de manter rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal.
Intensidade e foco diferentes em interesses específicos (por exemplo, comboios, política, animais, livros ou algo específico como um comportamento característico de um inseto).
Hiper ou hipo-sensibilidade, que são caracterizadas por baixa ou elevada reatividade a estímulos sensoriais, como o som, luz, toque, paladar, dor ou qualquer experiência sensorial.
O Autismo é para a vida toda e é um espetro. Se conhece um autista, conhece apenas um autista. Somos todos diferentes.
Isto é importante porque muito do esforço nos últimos anos foi em procurar “curas” em vez de compreender como apoiar e ajudar os autistas a verbalizar, socializar e gerirem as suas dificuldades.
Veja ao lado o nosso vídeo sobre os traços típicos do Autismo ou veja mais detalhes sobre diagnostico aqui.
Dentro do Espectro do Autismo, existem muitas dificuldades, pontos fortes e necessidades de apoio diferentes para cada indivíduo autista. Os níveis de necessidades de apoio podem variar dependendo da idade, circunstância social e outras variáveis, e, portanto, não é estático.
No entanto, o espectro não é de “baixa funcionalidade” para “alta funcionalidade”, mas sim um espectro circular onde cada autista tem dificuldades diferentes.
Uma maior necessidade de apoio está normalmente não associada ao autismo, mas sim a coocorrências comuns no Autismo, como apraxia, afasia, dispraxia, e doenças cronicas, como artrite reumatoide, Síndrome de Ehlers-Danlos e outros.
O termo neurodiversidade foi descrito em 1998 pela australiana Judy Singer, socióloga, autista e ativista, que classificou certas condições neurológicas como variações naturais da diversidade humana, e não como doenças ou perturbações. Da mesma forma que existem pessoas de diferentes raças, géneros, cores de olhos, tipos de cabelo, também existem diferentes cérebros e predisposição neurológica, com funções cognitivas, afetivas e percetivas diversas. O desenvolvimento neurológico atípico (neurodivergente), assim como o desenvolvimento típico (neurotipico), são ambos acontecimentos biologicamente naturais, e necessários, e parte da neurodiversidade como um todo. O conceito de neurodiversidade engloba: Perturbação do Espectro do Autismo (PEA), Perturbação de Hiperatividade de Défice de Atenção (PHDA), dislexia, dispraxia, discalculia; quando o conceito foi desenvolvido, mas hoje, alguns autores consideram outras condições neurológicas e de saúde mental como parte da neurodiversidade.
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O Autismo é genético, mas ainda existem algumas variações de genes que não sabemos como se originam.
Quando falamos sobre causas ambientais, NÃO se referem a vacinas, alimentos ou causas ambientais para a criança, mas sim causas ambientais que podem afetar a composição genética ou o desenvolvimento neurológico antes do nascimento (não depois). Os fatores de risco dos estudos mais recentes são os seguintes: idade avançada dos pais no momento da concepção, exposição pré-natal à poluição do ar ou certos pesticidas, obesidade materna, diabetes ou distúrbios do sistema imunológico, prematuridade extrema ou peso muito baixo ao nascer, qualquer dificuldade de parto que leve a períodos de privação de oxigénio no cérebro do bebé e ausência vitaminas pré-natais.
No entanto, esses fatores por si só não são suscetíveis de causar autismo. Em vez disso, eles parecem aumentar o risco de uma criança desenvolver autismo quando combinados com fatores genéticos.