A Associação Portuguesa Voz do Autista tem trabalhado a importância da investigação e conhecimento sobre a sexualidade e relacionamentos nas pessoas autistas. Apesar de cada vez mais estudos e relatos na primeira pessoa indicarem uma vida sexual potencialmente ativa e uma vontade de se envolver em relacionamentos, semelhante ao que se verifica nas pessoas não autistas, são ainda escassos os estudos sobre as experiências e necessidades específicas das pessoas autistas em relação a esta temática, que, no contexto português, é ainda mais insuficiente. É importante conhecer e compreender as necessidades relacionadas com a sexualidade e relacionamento, na sua própria voz, de modo a garantir que as pessoas autistas possam ter uma vida sexual e emocional plena. Também é importante prevenir e apoiar contra a violência, tendo em conta as necessidades específicas mencionadas, bem como desenvolver apoios e serviços que tenham em conta as barreiras, necessidades e prioridades das pessoas autistas.
Um questionário foi desenvolvido por ativistas e investigadores autistas e disponibilizado online a mulheres e pessoas não binárias autistas, com perguntas quantitativas e qualitativas, para explorar as suas experiências de sexualidade, educação sexual, questões sensoriais e violência sexual. As perguntas e o questionário basearam-se no modelo de direitos humanos da deficiência, de modo que os resultados podem ser mapeados e direcionados para recomendações de política sociais e autoadvocacia, e para o desenvolvimento de projetos que respondam aos problemas e necessidades encontrados.
Objetivos:
Compreender as experiências com de mulheres e pessoas não-binárias autistas com:
- Educação sexual;
- Sexualidade e relacionamentos;
- Violência em relacionamentos.
No âmbito da semana de luta contra a pobreza e a exclusão social, e numa iniciativa conjunta, a Associação para o Planeamento da Família, a Associação Portuguesa Voz do Autista e a Rede Europeia Anti-Pobreza desenvolveram um vídeo que levanta o véu sobre algumas das especificidades que a sexualidade nas pessoas autistas apresenta. A sexualidade é uma dimensão central na vida de todos nós: é urgente conhecer mais e compreender melhor, garantindo experiências saudáveis e positivas a todas as pessoas.
A APVA tem desenvolvido campanhas informativas para a criminalização da esterilização forçada em Portugal. Para ver mais informação sobre este tema, consulte a página clicando no botão abaixo.
O livro 'Explorar Sexualidades Autistas, Relacionalidade e Géneros: Viver Sob um Arco-íris Duplo' de Hanna Bertilsdotter, conta com um capítulo escrito por Sara Rocha, Presidente da APVA e Mayne Benedetto, Presidente do Conselho Consultivo da APVA - capítulo "O Poder dos Dados Gerados pela comunidade para uma mudança epistêmica na Sexualidade Autista: do sexo estigmatizado para o sexo neuroafirmador. '
Neste capítulo, Sara Rocha e Mayne Benedetto pretenderam mostrar quão poderosos os dados gerados pela comunidade autista não acadêmica podem servir para quebrar o estigma e criar conhecimento sobre as necessidades e prioridades das pessoas autistas em sexualidade, relacionamentos e género.
Descrição: "Esta coleção editada de contribuições explora géneros, sexualidades e relações não-normativas entre pessoas autistas.
Escrita dentro de um quadro explicitamente neuroafirmativo, a coleção celebra a diversidade e a riqueza da identidade, sexualidade, género e relações dos autistas, explorando áreas como o consentimento, a incorporação, a ink, o kink, a educação sexual e o trabalho terapêutico. Todos os editores e colaboradores são neurodivergentes e membros das comunidades em que o livro se centra, proporcionando uma exploração autêntica e única do género, da sexualidade e da relacionalidade em pessoas autistas por autores autistas/outros neurodivergentes.
O livro destina-se principalmente a estudantes de pós-graduação e académicos de várias disciplinas, incluindo sociologia, serviço social, psicologia, estudos sobre deficiência, educação inclusiva e especial e educação sexual. Os profissionais de saúde mental e os educadores também o acharão um recurso útil para apoiar os seus clientes autistas, bem como para desenvolver a sua própria compreensão sobre como apoiar as pessoas autistas de uma forma que afirme a neurodiversidade, o parentesco, a LGBTQ+ e a variante de género."